A fantasia e o rigor cromático... de Marcos Garrot, dão à obra efeitos ópticos e ilusórios.


Não há dúvida que um dos maiores mal-entendidos manifestos nas relações entre o mundo da arte e o da indústria provém do postulado em voga após os anos 60, segundo o qual a tecnologia permitiria aos artistas desenvolver automaticamente novas pesquisas, suscitando desse fato um novo tipo de criação. Nada de mais “naif” e simplório que nos fazer crer que utilizando, por exemplo, uma máquina de desenho ligada a um computador o resultado seria necessariamente mais interessante e inovador que um simples desenho feito à mão com um lápis.

A produção plástica de Marcos Garrot é resultado de uma pesquisa que se passa na solidão de seu atelier, tão somente com uma folha de papel e um lápis. Como é feito o seu verdadeiro trabalho, em nível do ordenamento de uma nova organização cultural. Curiosamente a lógica das progressões impõe toda uma série de soluções. Desde que o artista foge da progressão monocromática para empregar duas séries de cores, a imagem também foge em todas as direções saindo de sua própria estrutura.

A partir de sua intuição intervém na obra de Marcos Garrot um certo número de decisões quais sejam as dimensões, a série de cores e a estrutura.

Quando esses elementos são determinados, o quadro se desenvolve de maneira matemática. Frente a suas obras, cada espectador é livre de projetar suas próprias fantasias: um espetáculo, um fenômeno visual, um quebra-cabeça chinês, um labirinto.
O resultado são obras de um extraordinário rigor cromático que, entretanto, se dirigem sobre o fantástico.

Texto de: Emanuel Von Lauenstein Massarani, Crítico de Arte

 

Emanuel Von Lauenstein Massarani
Crítico de Arte