
Leve e flutuante
Seja pau ou pedra, diamante ou ferro, pesado ou frio, transformam-se
em obra de arte nas mãos de Garrot.
Ao ver, de relance, a obra bidimensional, desse artista,
percebi imediatamente, que eu estava entrando numa histórica
combinação de arte contemporânea, figurativa/
abstrata, com forte influencia da arte indígena.
De certa maneira esta descoberta imediata me fez sentir
quanto importante é a historia e a reprodução
de suas palavras e de suas coisas, na verdade ao analisar
as obras compostas de tiras de ferro coloridas como bronze,
me lembram também escudos medievais. Queira-se ou
não a criação artística se produz
com todas as experiências e vivências da humanidade.
Cerca de 50 obras todas trabalhadas com o ferro apontam
duas sensações: o ferro além de pesado
é frio. A conjunção dessas duas características
produz uma sensação curiosa porquê levam
nossas mãos a tocar nas peças, quase como
se elas fossem imãs. Isto pode significar que ao
se tomar conhecimento de que a construção
dos trabalhos tem a suficiência de ser tocável
acaba por permitir o manuseio.
O artista recorta formas de diversas maneiras que se juntam
para conformação das peças. Trata-se
de um jogo que se constitui de traços abstrato-geométricos,
verticais e/ ou horizontais, construindo o espaço
bi e tridimensional. A criação e a tecnologia,
engajadas na diversificação das formas, promovem
a execução da presente exposição,
com peças que são extremamente delicadas,
apesar da forte corporização do ferro.
Completam a produção artística de
Garrot, uma esguia série de totens cuja postura podem
ser bi ou tridimensionais. Como todas as outras peças,
eles se compõem do cromatismo do: ferro, aço,
aço escovado, ouro, bronze, prata e cobre.
Entretanto as obras me transmitiram uma intensa leveza,
isto mostra como Garrot soube transformar as toscas e pesadas
tiras de ferro em diáfanas obras de arte.
Texto de: Radha Abramo Historiadora e Crítica de Arte