Adriano Ávila
Nacionalidade
Brasileiro
Ano
1974-...
Informação
Fotógrafo, artista plástico, pai de duas lindas meninas, Adriano Ávila é um daqueles homens de gênio, cuja obra transcende à sua especialidade.
Brasileiro, nascido na cidade de São Roque, interior do estado de São Paulo, descobriu ainda em adolescência sua intimidade com a arte. Deixou-se seduzir ainda cedo pelo teatro, aonde atuou, produziu e dirigiu diversos espetáculos. Dedicou-se à pintura surrealista, como rebeldia à sua flagrante realidade. Embrenhou-se no blues, donde descobriu a sua própria intimidade; tomou a gaita por sua companheira, sentiu ao som e aos seus bruscos movimentos: a voz da Mãe África lhe tomar o corpo e a alma por inteira.
Sua ligação com a fotografia surge concomitantemente às suas primeiras peças no teatro, “Desde aquela época, a fotografia já me despertava a curiosidade. No início, era só curiosidade mesmo, não tinha a concepção de fotografia como construção de imagem, como depreensão artística de uma realidade. Usava a fotografia com objetivos profissionais: trabalhava em casamentos, em festas, em formaturas... era uma forma de ganhar meu dinheiro. Até que um dia, tive a oportunidade de fotografar com uma NIKON F90, que um amigo havia comprado, e ao tomá-la, projetando-me em seu ângulo de visão, percebi o quanto de alma, habitava as lentes de uma máquina.”, confessa, em um, de tantos saraus que promove com amigos poetas e músicos em sua terra natal. A respeito, costuma-se dizer nestes encontros que, sua fotografia são versos não rimados de uma poesia abortada.
Sua forte ligação com os seus amigos e com a sua família caracteriza fortemente sua obra, como nota-se no fabuloso ensaio em arraiais (pequenos povoados), na Estrada Real, no Estado de Minas Gerais, cujo impulso criativo nasce de lembranças de sua infância, quando ia ao encontro de seu pai, no Arraial de São Miguel do Cajuru, e passava semanas em contato intenso com a natureza. Este ensaio, aliás, é muito peculiar, pois acredita-se que é o marco de seu projeto artístico, pois após uma série de ensaios e experimentos de nus artísticos, envereda à pesquisa e ao registro de manifestações culturais de comunidades tradicionais. A partir daí, o que notamos é a busca incessante pelas raízes históricas dessas comunidades, e uma obra que transita entre o real, pelo tratamento extremamente reflexivo sobre essas cultura, e o abstrato, pela beleza, quase sempre inusitada que consegue extrair em cada imagem.
O ensaio intitulado “Arraiais, A Trilha do Ouro”, é uma mostra audaciosa para quem o conceito de cultura ainda se lhe revelava. São imagens pictóricas, de seres que protagonizam imagens, não por indução ou fantasia, mas, por força poética, assimetricamente, ao que a literatura denomina “redondo”: personagens que não se definem, não se concluem, não assumem posição no tempo e no espaço, apenas dizem, não o que gostaríamos, mas o que precisam apenas dizer.
Os ensaios sobre comunidades tradicionais, onde se destacam diversas fotografias de comunidades quilombolas, como o ensaio no Cafundó, comunidade quilombola do interior de São Paulo, ou no Porto de Trás, quilombo da bahia de Camamú, no estado da Bahia, o seu projeto se sustenta pela busca do essencial, ainda que se faça presente uma enorme variedade de movimentos e cores, o que se destaca é a absoluta simplicidade do objeto fotografado.
Resumiria dizendo da sua inquietude, da sua constante busca, das suas constantes experimentações. Diria de sua fotografia, mas, é preferível dizer da sua poesia. Uma poesia passional, que nutre o seu gênio de fotografia.
Trabalhos